dia de campo

a
Esqueceu a senha?
Quero me cadastrar
     07/05/2024            
 
 
    
Leite      
Manejo diferenciado para produção de leite orgânico
Sistema paga 50% a mais pelo litro, mas proíbe qualquer tipo de químico, desde adubos a tratamentos sanitários, e usa vacas com genética adaptada ao Brasil
Ouça a entrevista Comente esta notícia Envie a um amigo Aponte Erros Imprimir  
Juliana Royo
22/02/2011

O mercado de elite orgânico ainda é muito pequeno no país, não chega a 1% do que é produzido nacionalmente. No entanto, o sistema está ganhando espaço e crescendo graças às exigências do consumidor, que está buscando alimentos mais naturais e saudáveis. O leite orgânico paga 50% a mais do que o convencional para o produtor e faz com que ele tenha um posicionamento diferenciado no mercado. No entanto, é preciso que o produtor esteja disposto a fazer alterações radiciais no sistema produtivo. O manejo da propriedade é totalmente diferente e proíbe o uso de qualquer tipo de químico, seja na adubação da pastagem ou no tratamento sanitário, como carrapaticidas, por exemplo. 

— O leite orgânico é produzido de forma completamente diferente do convencional.  A pastagem não pode receber nenhum tipo de adubo químico, ela tem que ser desenvolvida em sistema orgânico, os animais não podem receber nenhum tipo de antibiótico ou medicamento produzido quimicamente. Os produtores só podem utilizar produtos fitoterápicos, homeopáticos ou naturais e o leite para envaze e resfriamento tem que passar por vários processos que são diferenciados dos mesmos tratamentos feitos na produção do leite convencional. Os produtores de leite que querem entrar no sistema orgânico precisam ter no mínimo 12 meses de produção para entrar no sistema de transição. Somente após estes 12 meses o produto dele pode começar a ser considerado orgânico — explica o especialista João Paulo Guimarães, pesquisador na área de sistemas orgânicos de produção animal da Embrapa Cerrados.

Uma das transformações radicais ara os produtores é o uso de produtos homeopáticos e fitoterápicos, com a proibição do uso de antibióticos e carrapaticidas. No entanto, Guimarães explica que a principal mudança está no manejo diferenciado da lavora. É preciso mudar a forma de pensar a produção na fazenda. Uma das principais medidas é utilizar vacas mais adaptadas ao clima brasileiro porque um fator muito importante para o desenvolvimento de carrapatos é a temperatura e umidade. Com animais mais adaptados, eles se tornam mais resistentes e facilitam o controle.

Outra medida importante é a adoção de rotação de pastagem. Segundo pesquisas feitas pela Embrapa Cerrados, 80% dos carrapatos nas pastagens são controlados apenas com o manejo rotativo dos piquetes. No caso dos animais que forem infectados com os parasitas, é recomendado o uso de medicamento à base de nim, que é uma árvore indiana com princípio repelente. O nim mara os carrapatos, faz com que as fêmeas percam sua capacidade de ovulação e mata as larvas jvens também.

— Como nós estamos em um país tropical e temperatura e umidade são os principais agentes que podem funcionar como proliferadores dos carrapatos, animais que são mais adaptados ao nosso clima são mais resistentes. A combinação de genótipos adequados para produção de leite, assim como o manejo rotativo dos pastos para interromper o ciclo de reprodução do carrapato (que é de 21 dias) a gente consegue reduzir ao máximo a infestação dos carrapatos — explica.

No caso da adubação das pastagens também é preciso fazer mudanças radicais. Os principais nutrientes utilizados na agricultura são o nitrogênio, fósforo e potássio. Na produção convencional de leite, as pastagens são adubadas com ureia, supersimples ou supertriplos e com cloreto e sulfato de potássio. No sistema orgânico, a fonte de nitrogênio passa a ser a adubação verde através do plantio de leguminosas que fixam nitrogênio no solo. Já o fósforo e potássio são oferecidos ao solo na forma de pó de rochas naturais fosfatadas ou potássicas.
Para oferecer mais nitrogênio ao solo, os produtores orgânicos também podem fazer aplicações de fungos micorrízicos. Os pesquisadores utilizam os micorrizas presentes naturalmente no solo e produzem uma quantidade muito maior para ser aplicada nas culturas. Estes fungos aumentam a capacidade de absorção de nutrientes das raízes das plantas, melhorando a nutrição.

Sacrifícios que compensam

Todo este esforço na mudança do sistema produtivo pode compensar muito o produtor, já que o leite orgânico é supervalorizado no mercado. O preço dele chega a ser mais do que 50% maior do que o convencional. No Rio de Janeiro, por exemplo, o pesquisador da Embrapa Cerrados diz que o valor pago pelo leite convencional é de 0,80 centavos por litro enquanto com o leite orgânico o produtor ganha R$ 1,20 por litro. No caso de Brasília, Guimarães diz que esta diferença é ainda maior. No entanto, a produção no sistema orgânico é menor já que o animal consome uma alimentação diferente e a vaca utilizada é mais mestiça porque é adaptada às condições tropicais. A média diária de produção fica entre 8,2l e 10 litros.

— Para o produtor conseguir equilibrar os custos da produção do leite orgânico, o valor pago ao leite deve ser em torno de 50% maior do que o valor do leite tradicional. Os custos de produção são menores. Você usa menos adubo, menos insumos de fora da propriedade. Entretanto, a mão-de-obra tem que ser muito bem remunerada e a qualidade tem que ser maior. Isso acontece porque o sistema evita a utilização de máquinas agrícolas, trabalha com plantio direto, com compostos orgânicos. O que acontece é que no Brasil o canal de comercialização do produto orgânico geralmente é feito em feiras, mercados direcionados para um público que está disposto a pagar por aquilo, além do mercado ser localizado. Antigamente, a gente dizia que o produto orgânico era um nicho pequeno de mercado e hoje a gente não pode mais dizer isso. O mercado para estes produtos já bem maior — pondera o pesquisador.

Para mais informações sobre o sistema de prdução de leite orgânico os produtores podem entrar em contato com a Embrapa Cerrados pelo telefone (61) 3388-9898.

Clique aqui, ouça a íntegra da entrevista concedida com exclusividade ao Jornal Dia de Campo e saiba mais detalhes da tecnologia.
Aviso Legal
Para fins comerciais e/ou profissionais, em sendo citados os devidos créditos de autoria do material e do Jornal Dia de Campo como fonte original, com remissão para o site do veículo: www.diadecampo.com.br, não há objeção à reprodução total ou parcial de nossos conteúdos em qualquer tipo de mídia. A não observância integral desses critérios, todavia, implica na violação de direitos autorais, conforme Lei Nº 9610, de 19 de fevereiro de 1998, incorrendo em danos morais aos autores.
Eng. Agrônomo Kleber Santos
27/02/2011 02:04:13
A expansÒo da agricultura orgÔnica demanda esforþo de capacitaþÒo de assistÛncia tÚcnica qualificada no campo. Eis grande desafio!

Para comentar
esta matéria
clique aqui
1 comentário
Integração reduz impactos ambientais
Além de emitir menos gás carbônico, lavouras, pastos e florestas integrados minimizam problemas com erosão e degradação do solo
Inseticida combate broca-da-erva-mate sem agredir ambiente
Bovemax, que deve chegar ao mercado este ano, utiliza apenas um óleo vegetal e um fungo que causa doença ao inseto da cultura
Pimenta bode: cheiro forte, frutos uniformes e ideal para conserva
Embrapa Hortaliças vai lançar pimenta em junho, mas sementes só chegam ao mercado para os produtores no ano que vem
Ração de galinhas poedeiras proporciona maior lucratividade na venda de ovos
Diminuição do nível de fósforo reduz custos da mistura
Dica: bê-a-bá da balança rodoviária
O emprego destes equipamentos reduz os custos operacionais e proporcionam agilidade. Para garantir pesagens seguras, no entanto, é importante estar munido de algumas informações.
O uso de maturadores na cultura do café
Alternativa de produto tem o objetivo de, com sua aplicação foliar, promover maior uniformidade da maturação e também a antecipação da colheita de 15 a 20 dias.
Produção de Híbridos na Piscicultura
Tecnologias como a indução hormonal e reprodução artificial, tornam a produção de peixes híbridos uma prática relativamente simples
A pecuária e os gases de efeito estufa
A qualidade da dieta do animal tem forte influência sobre a emissão de metano e é essa uma das principais linhas de pesquisa visando mitigar a emissão de GEE
A maior oferta de carne bovina no mundo depende de nós
Os números recentes da pecuária comprovam que a atividade responde rapidamente aos investimentos
O descaso das autoridades ocasionou prejuízos aos produtores de feijão
O que os produtores desejam são regras claras. Se não há recursos para cumprir as promessas, não as façam. Não induzam a pesados prejuízos os sofridos produtores brasileiros
Nova cultivar de feijão rende de quatro a cinco mil quilos por hectare
Indicada para produtores de PR e SP, a IPR Tuiuiú deve chegar ao mercado em 2011
Embrapa investe em tecnologias sustentáveis para combater doenças na lavoura
A expectativa é que dentro de dois anos novos produtos não tóxicos estejam disponíveis
Fitorreguladores equilibram desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta
Substância reguladora impede que algodoeiro cresça demais, reduzindo os custos de produção em 4%
Inseticidas usam bactérias para combater insetos nas plantações
Produto não agride o meio ambiente, é 100% eficaz e pode ser usado em diversos tipos de cultura

Conteúdos Relacionados à: Agricultura Orgânica
Palavras-chave

 
11/03/2019
Expodireto Cotrijal 2019
Não-Me-Toque - RS
08/04/2019
Tecnoshow Comigo 2019
Rio Verde - GO
09/04/2019
Simpósio Nacional da Agricultura Digital
Piracicaba - SP
29/04/2019
Agrishow 2019
Ribeirão Preto - SP
14/05/2019
AgroBrasília - Feira Internacional dos Cerrados
Brasília - DF
15/05/2019
Expocafé 2019
Três Pontas - MG
16/07/2019
Minas Láctea 2019
Juiz de Fora


 
 
Palavra-chave
Busca Avançada